Para Paulo Renato Mesquita Pellegrino, não basta apenas colocar os piscinões e deixar a cidade rodeada de asfalto e construções que impermeabilizam o solo; é preciso pensar numa infraestrutura verde.
Com o verão e a grande quantidade de chuvas, sempre há preocupação com as inundações na cidade de São Paulo, ainda mais quando os dados do Instituto Nacional de Meteorologia apontam para um regime de precipitação acima da média.
O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Paulo Renato Mesquita Pellegrino, explica que a capital paulista se encontra naturalmente em uma região de enchentes, o que, com a ocupação, resultou no processo de inundação, algo criado e não natural. “São Paulo é uma grande bacia sedimentar. Ela, na verdade, é uma área que sempre sofreu processos de enchentes. Estas, como cheias, são processos naturais que os rios de planícies aluviais, ou seja, de áreas sujeitas a enchentes periódicas, ocorrem naturalmente”.
Então, conforme explica Pellegrino, quando foram ocupadas áreas que eram das águas, por exemplo, as regiões do entorno dos rios Pinheiros, Tietê, Tamanduateí, dado que a área dos rios é maior do que seu leito, gerou-se o problema das inundações. “Nós julgávamos que as obras de drenagem e de secagem dessas áreas, pelas construções de canais e pela construção de galerias, nos livrariam desse problema e que essas áreas poderiam ser ocupadas”.
Soluções além dos piscinões
A Prefeitura de São Paulo planeja um investimento de R$ 755 milhões em 15 novos piscinões para aumentar a capacidade de drenagem da cidade e reduzir os estragos econômicos das inundações.
Os piscinões são uma saída para esse problema, pois substituem de alguma forma a função das várzeas de recepção de águas. Mas não basta apenas colocá-los e deixar a cidade rodeada de asfalto e construções que impermeabilizam o solo, não deixando a água penetrar. Algumas outras medidas, como o IPTU Verde e os “jardins de chuva”, ajudariam na construção de uma infraestrutura verde para a cidade, como destaca Pellegrino.
“As pessoas têm partido para uma série de iniciativas e desenhos de jardins de chuva, de biovaletas, de calçadas e pisos permeáveis, de plantio de árvores e isso, de uma certa maneira, gera uma iniciativa muito auspiciosa por parte da própria população”, complementa o professor.
Pellegrino alerta que as enchentes virão cada vez com mais intensidade por causa dos eventos extremos resultantes das mudanças climáticas. Nesse sentido, cabe à Prefeitura de São Paulo também ampliar o leque de soluções e agregar esse fenômeno natural ao dia a dia da cidade, de modo a não deixar as enchentes gerarem o problema das inundações.
Fonte: https://jornal.usp.br/atualidades/solucao-para-o-problema-das-enchentes-em-sao-paulo-vai-alem-dos-piscinoes/